terça-feira, 20 de abril de 2010

O curso das águas está sob Deus

Chuva de Deus Sobre as pedras brancas e lapidadas ele percorria. Percorria só, atento às ondulações em suas margens. Observando dia e noite a mata que o protegia. Sabia estar indo para algum lugar, mas não podia prever aonde daria seu curso. Por vezes sentia-se só e alegrava-se quando os animais vinham nele beber. Dia e noite suas águas percorriam e desejava saber o porquê da sua natureza assim ser. Queria parar um pouco e desfrutar das mesmas coisas que todos desfrutavam na mata. Um dia ao entardecer entristeceu-se e se pôs a chorar. Sentia muita solidão... Suas lágrimas inundaram a mata, causando pânico aos que nela viviam:

- Rio, por que choras? Tua tristeza desequilibra a natureza na qual vivemos!

- Choro por sentir-me só. Enquanto todos possuem companhia, eu percorro sozinho, sem ninguém para falar, ninguém para brincar. E sinto medo, pois não sei para onde estou indo... Todos na mata silenciaram diante da tristeza do rio. Também não sabiam aonde ele iria chegar. Não podiam ajudá-lo. E assim. Todos ficaram parados, vendo o rio passar... Sua tristeza era profunda e não havia meios de ajudá-lo... A chuva surgiu inesperadamente de dentro da mata e vendo a tristeza do rio, perguntou: - O que lhe tira a paz, meu caro amigo?

- Não entendo minha natureza e sinto-me muito sozinho a percorrer por tantos caminhos que nunca chegam a lugar algum. A chuva vendo o desespero do rio, afagou-o gentilmente com suas águas límpidas. - Se choras por estares só é porque ainda não descobriste tua real natureza. Nada neste mundo está só, excluído do todo. Aceita tua natureza e percorre feliz em teu curso. És tão necessário quanto a mata e tudo que nela vive. És tão necessário quanto o sol e tudo que na sua luz é banhado. Teu destino não está longe e quando o encontrares saberás que tudo tem uma razão de ser. Aceita a orientação que vem de dentro, ela sabe o percurso e sabe para onde estás indo.

Confia e tua confiança conduzir-te-á para tua alegria, para teu descanso, para teu reencontro com a tua verdadeira natureza. Quando chegares neste lugar estarás em paz, pois viverás com os teus iguais. O rio recebeu a chuva com contentamento e tratou de seguir seu curso, confiante no que a chuva lhe falara. Adiante, uma surpresa, percebeu que estava saindo da verde mata, caindo lentamente sobre um mar azul... Infinitamente azul...

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